terça-feira, 17 de julho de 2007

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A coluna de Helio Fernandes na Tribuna da Imprensa é leitura diária obrigatória. Colo abaixo um pedaço da de hoje.


Os heróicos atletas abandonados

Todo o ouro para Nuzman ou para Ricardo Teixeira

Antes mesmo dos Jogos começarem, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) havia ganho ouro, muito ouro. Tanto, que gostaria que os Jogos fossem disputados no Fort Knox. Como o forte é nos EUA, continuaria sendo PAN e seu ouro estaria garantido.

O TCU (Tribunal de Contas da União) fez um tremendo libelo contra Nuzman, este nem tomou conhecimento. Redigido pelo próprio presidente da Academia, ministro Marcos Vilaça, e com acusações irrespondíveis, Nuzman não poderia reclamar do fundo ou da forma. O TCU mandou cópias para as maiores autoridades do governo.

E ainda tivemos que "engolir" a sua voz rouca (e não das ruas) declarando aberto os Jogos. Deveriam abrir no mesmo instante a caça aos corruptos. E da caça passariam à cassação.

Nuzman vendeu com exclusividade para o Portal Terra a cobertura dos Jogos, com proibição para o resto. Quanto custou? Quanto pagaram? Para onde foi o dinheiro? Senadores, deputados federais, estaduais e vereadores do Rio deviam investigar.

Isso agora, hoje, durante os Jogos, sem que se perdessem 1 minuto que fosse.

Não foi apenas o primeiro ouro, no taekwondo. Foi a revelação de uma personalidade, Diogo Silva. E a constatação de como sofrem os atletas brasileiros para se afirmarem, competirem, mostrarem até onde iriam se tivessem apoio, recursos, o mínimo possível.

Diogo é o exemplo do sofrimento, do desgaste diário e permanente, mas sem abandonar a luta (no seu esporte, luta mesmo), sem qualquer reclamação.

Enquanto todo o dinheiro vai para os dirigentes tipo Carlos Artur Nuzman, no caso dele e de outros "dirigentes" as aspas são obrigatórias.

O ganhador do primeiro ouro está muito acima de Nuzman. Este deveria receber a grande punição, o TCU vem pedindo isso há muito tempo. Ficará impune, imune, acumulando fortunas, "privilegiando" até a cunhada?

A grande vaia deveria ter sido para Nuzman. Aplausos? Para os atletas, todos, que apesar das contrariedades, "desapoio" e abandono, conseguem empolgar.

Como todo o patrocínio publicitário sai de órgãos estatais, os esportes que não têm tão grande popularidade deveriam receber também uma parte desse dinheiro. O futebol ficaria totalmente de fora, o enriquecimento ilícito de Ricardo Teixeira, sua formidável arrogância financeira, restritas ao faturamento internacional, que ele guarda na Suíça. Avara e seguramente.

A maioria dos clubes, i-l-i-c-i-t-a-m-e-n-t-e "dirigidos", deveriam sofrer auditoria diária e intransferível. O vôlei, que se transformou no segundo esporte nacional, continuaria a ser patrocinado pelas estatais.

Surfe, skate e outros que crescem muito, natação, que não tem nenhum apoio, ginástica, que cada vez se destaca mais e sem receber o menor apoio, deveriam ser patrocinados. A lição de Diogo Silva deveria servir de estímulo, advertência e poder de decisão das autoridades.

PS - O esporte, qualquer que seja ele, é fator de estímulo, de educação, de fuga da marginalidade. Quantos desses atletas, que ascenderam social e financeiramente, na certa estariam no limite da marginalidade se não fosse o esporte?

PS 2 - Falam muito em educação. O melhor caminho para a conquista é o esporte. Educação e esporte, não sei quem vem em primeiro lugar.



É só não levar em consideração a velha conversa que junta esporte, educação e fuga da criminalidade que a coluna fica perfeita.

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