terça-feira, 13 de março de 2007

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O grande problema não são os Jogos Pan-Americanos em si. Nem essa supervalorização dos esportes, sempre esvaziada de sentido, me incomoda tanto. Afinal, as pessoas têm todo o direito de desperdiçar suas vidas da maneira que acharem melhor. A questão mesmo é a maneira como todo o episódio vem sendo conduzido. Nem vou entrar nos assuntos do legado e da implantação de melhorias úteis para nosso vilarejo. Não faltará oportunidade para voltar a eles. No momento, tenho pensado, o que realmente incomoda é a falta de transparência que envolve todo o processo. Essa é a conduta padrão em qualquer instância governamental no Rio de Janeiro. O carioca é um povo acostumado a aceitar aumentos arbitrários das tarifas de transporte, falta de equipamentos já pagos em hospitais e outras bizarrices do tipo. Mas nem todo mundo se sente confortável com a falta de explicação das esferas governamentais. Nesse estado, nesse vilarejo, tudo é decidido à revelia, escondido. Tudo é imposto. E tem sido assim com a organização do Pan. São valores que se multiplicam, licitações sob suspeita, contratos milionários e pouco retorno para as pessoas que vivem nessa vila. O tal do dossiê, ou brochura, como alguns gostam de falar, já foi comentado em diversos lugares mas não aparece. Procurei na página oficial do Pan 2007 o projeto original apresentado para a candidatura do Rio. Procurei na página da ODEPA. Procurei na página do Comitê Olímpico Brasileiro. Não achei nada. O dossiê não está disponível para nós, mortais habitantes do Rio de Janeiro.


A coisa vai ficando cada vez mais esquisita. Esquisita a ponto de não ser notícia nem no RJ TV.

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